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sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Recesso

Queridos irmãos,

O blog estará em recesso até dia 07 de fevereiro. Peço que Deus abençoe a todos os que acompanham nossas publicações.
Voltaremos com muita alegria, após merecido período de férias, com muitas novidades, textos edificantes, formações e informações católicas!

Abraços fraternos,
João Batista

VIDA ORIENTADA PELA PALAVRA DE DEUS

VIDA ORIENTADA PELA PALAVRA DE DEUS

Quando se trata de um uso pessoal da Palavra de Deus, para sua própria vida, o melhor é começar a utilizar a Palavra que a Igreja nos oferece através da liturgia: a liturgia das horas, a missa... Com freqüência, o Senhor, para falar, se serve da escolha da Igreja, das leituras do dia.
Escutar com os ouvidos atentos as leituras do dia com freqüência revela uma resposta a um problema particular. Uma palavra parece feita à nossa medida até o ponto de que às vezes se diz: «Isso foi escrito para mim!». Portanto, deve-se valorizar a escolha comunitária, não pessoal, feita pela Igreja na liturgia.
Depois está a escolha pessoal, ou seja, reler as passagens da Escritura que no passado tiveram importância para nós, que nos interpelaram. Com freqüência, o Senhor volta a falar através dos próprios textos para dizer-nos coisas novas e adaptadas às situações que estamos vivendo. Portanto, devem-se valorizar as palavras de Deus que no passado foram para nós indicações importantes.
Há outro meio que é utilizado na Renovação Carismática, ainda que não só nela: consiste em rezar e, depois de fazer um ato de fé, abrir a Bíblia, pensando que se vai encontrar uma resposta do Senhor, ou inclusive, dizendo que se tomará como Palavra de Deus para nós a que cai ante nossos olhos. Não é um meio que a Renovação Carismática inventou hoje. Por exemplo, é o que aconteceu com Santo Agostinho, que no momento crucial de sua conversão, abriu as cartas de São Paulo decidido a tomar como vontade de Deus a primeira passagem que lesse.
Tocou-lhe Romanos 13, onde se diz «Nada de orgias, nada de bebedeira; nada de desonestidades nem dissoluções; nada de contendas, nada de ciúmes», «revistamo-nos das armas da luz». Ao ler a passagem, experimentou como lhe penetrava uma luz e uma serenidade que lhe permitiram compreender que podia viver casto.
O mesmo aconteceu com São Francisco de Assis. Quando ainda não sabia o que fazer, foi a uma igreja e abriu três vezes o Evangelho e cada vez caiu em uma passagem que falava do envio dos apóstolos sem bastão, sem bolsa, sem dinheiro, sem duas túnicas. E ele disse: «Isto é o que o Senhor quer para nós».
Mas os exemplos se multiplicam até nossos dias. Teresa de Lisieux não sabia o que fazer, abriu a Carta aos Coríntios e nela encontrou sua vocação a ser o coração, a ser a caridade.
Eu tive muitas confirmações pessoais e também de outras pessoas que encontraram na Bíblia a Palavra de Deus. Não me canso de repetir um episódio muito interessante. Estava pregando em uma missão na Austrália, e durante o último dia veio ver-me um operário, uma pessoa muito simples, para dizer-me que tinha um problema grave em sua família. Tinha um filho de 11 anos que não estava batizado, pois sua mulher se havia tornado testemunha de Jeová e não queria o batismo. Disse-me: «O que faço? Se o batizo haverá um problema, se não o batizo não posso ficar tranqüilo, pois quando nos casamos nós dois éramos católicos». Eu lhe disse: «Deixe-me refletir esta noite».
No dia seguinte, quando chegou, disse-me: «Padre, encontrei a solução. Ontem, quando cheguei em casa, rezei, depois abri a Bíblia e me apareceu o episódio no qual Abraão leva Isaac à imolação. E vi que quando Abraão leva Isaac a imolar, não disse nada à sua mulher». Era um discernimento perfeito, pois, de fato, os rabinos dizem que Abraão não disse nada precisamente para evitar que a mulher o impedisse de obedecer a Deus. Eu mesmo batizei a criança.
Naturalmente, é preciso evitar um uso mágico da Escritura, abri-la sem ter rezado. Esta utilização da Escritura só pode ter lugar quando se vive em um clima espiritual de obediência a Deus.
Com Deus não se brinca, a Deus não se interroga de brincadeira, se interroga antes de tudo porque se está decidido a fazer o que Ele nos dará a entender. Como se pode ver, há muitos métodos, desde o público ao mais pessoal, para orientar a própria vida com a Palavra de Deus.
Pe. Raniero Cantalamessa, OFM Cap
Pregador da Casa Pontifícia (Vaticano)